Trump critica Europa 'decadente' e defende eleições na Ucrânia
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou nesta terça-feira (9) o que considera uma Europa "decadente", governada por certos líderes "estúpidos" devido às suas políticas migratórias. Também se mostrou favorável a eleições na Ucrânia.
O republicano, que acaba de emitir uma nova doutrina de segurança nacional na qual defende abertamente apoiar a "resistência" na Europa às políticas de Bruxelas, demonstrou uma atitude ambivalente em relação ao compromisso americano com o continente e seus líderes.
"Gosto de todos eles. Não tenho inimigos reais", afirmou inicialmente na entrevista gravada em vídeo para o site Politico.
"Alguns são amigos (...) Conheço os maus líderes, conheço os inteligentes, conheço os estúpidos. Há alguns realmente estúpidos", acrescentou. "O que estão fazendo com a imigração é um desastre."
"Eu adorava Paris. É um lugar muito diferente do que era. Se você olhar para Londres, tem um prefeito chamado Khan. É um prefeito horrível, perverso, repugnante", declarou.
O prefeito de esquerda de Londres, Sadiq Khan, chamou Trump em setembro de "racista, sexista, misógino e islamofóbico", depois de ser atacado pelo presidente americano na tribuna da ONU.
- "Politicamente corretos" -
Sobre a imigração na Europa, Trump disse: "Eles vêm de todos os lugares do mundo. Não apenas do Oriente Médio, vêm da [República Democrática do] Congo. E pior ainda, vêm das prisões do Congo e de muitos outros países".
Segundo ele, os líderes europeus "querem ser politicamente corretos e não querem devolvê-los [ao lugar] de onde vieram".
A União Europeia (UE) aprovou na segunda-feira um endurecimento de sua política migratória, em pleno auge dos governos conservadores e de coalizões com a presença da extrema direita.
O tema tornou-se um dos principais pontos de preocupação dos europeus, segundo diferentes pesquisas.
Entre as novas medidas contempladas pela UE está a abertura, fora do bloco, de centros de acolhimento de imigrantes cuja solicitação de asilo tenha sido rejeitada.
Na entrevista, Trump se vangloria de ter reduzido a "praticamente zero" a imigração irregular na fronteira sul dos Estados Unidos.
Quando questionado sobre sua vontade de intervir nos processos eleitorais na Europa, o magnata admitiu ter "apoiado Viktor Orban", o primeiro-ministro da Hungria, que "faz um trabalho muito bom, de uma maneira diferente, em termos de imigração".
A Ucrânia deveria realizar eleições, acrescentou o presidente de 79 anos, que expressou descontentamento com a resistência do líder ucraniano, Volodimir Zelensky, em aceitar as condições para a paz com a Rússia.
"Acho que é um momento importante para realizar eleições. Eles estão usando a guerra para não realizar eleições, mas acho que o povo ucraniano deveria ter essa opção", disse Trump.
"Falam de democracia, mas chega um ponto em que já não é uma democracia", acrescentou.
Sem a lei marcial, as eleições presidenciais ucranianas teriam sido realizadas em março de 2024.
Trump reiterou as críticas que fez no domingo a Zelensky, quando censurou o presidente ucraniano por não ter lido o plano americano para pôr fim à guerra.
"Talvez ele tenha lido durante a noite. Seria bom que ele lesse. Você sabe, muitas pessoas estão morrendo", declarou.
R.Abreu--ESF